Pescando luzes e olhares

A pluralidade do olhar entre a luz e a sombra. Momentos de pescar o que acontece ao redor do universo que sou eu e das partes que me envolvem. Ao mesmo tempo, pessoais e transferíveis.
Somos pescadores da vida todos os dias, com peixes de imaginação, imagens e sons que fazem a mente virar para o sol, origem das luzes e cores que pescamos com os olhos.
Entre "peixes" e "pixels" vou mostrando luzes dos cotidianos que presencio, pensamentos meus e de outras almas, notícias, denúncias e mais...
SEJAM BEM VINDOS

segunda-feira, 13 de junho de 2011

A sociedade reage


RICARDO YOUNG

Nesta semana que passou, a presidente Dilma Rousseff prorrogou por 180 dias o decreto que obrigava os agricultores a averbar suas reservas legais com o objetivo de regularizar a situação de suas propriedades.
Sem a prorrogação, o prazo teria vencido dia 11 passado e imporia àqueles que não cumpriram a determinação legal pesadas multas e sanções que demonstrariam que o país não mais tergiversaria nas questões do desmatamento.
Pois bem, tudo sugere que mais uma vez serão anistiados os infratores.
Enquanto aqui em Pindorama brinca-se em serviço e abusa-se da condição de país de maior extensão de florestas contínuas do planeta, a China, país devastado pela degradação ambiental e com riscos reais de desertificação, toca como prioridade nacional o projeto da "Grande Muralha Verde", que pretende reflorestar 356 mil quilômetros quadrados de terra, até 2050.
O Brasil é o país com a maior reserva hídrica do planeta, mas algumas regiões, como o Sudeste, já sentem os problemas da escassez do recurso, com prejuízo para algumas lavouras.
Não é por acaso que a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) advertiu em relatório na última quinta-feira que a mudança climática terá graves consequências na disponibilidade de água destinada à produção de alimentos e na produtividade dos cultivos durante as próximas décadas.
A garantia da perenidade da água está na governança deste recurso. E a base desta governança é o Código Florestal, com as regras que definem APPs e RLs, recuperação e manejo. Todas essas normas protegem as nascentes e, com isso, a produção de água tão necessária para a agricultura.
Nossa maior commodity não é a soja, a carne ou o café. É a água! Somos os maiores exportadores de água do mundo.
Assim, é exatamente para que se garanta o desenvolvimento agrário do pais é que o compromisso com a recomposição das RLs e das APPs não pode ser adiado.
A maioria dos partidos e o governo federal parecem não entender essa correlação entre o Código Florestal e o desenvolvimento econômico.
Como resposta, a sociedade civil organizada iniciou uma mobilização cujo arco de alianças não se vê desde as Diretas Já. O Comitê em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável do Brasil, instalado na última semana, promete dar muito, mas muito trabalho ao governo nos próximos meses.
Novas formas de fazer politica começam a surgir e apontam esperança contra a estreiteza abissal que parece tomar conta das forças políticas hegemônicas do país.


RICARDO YOUNG escreve às segundas-feiras na coluna Opinião da Folha de São Paulo.


São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 2011

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