Mestre em Gestão e Políticas Ambientais pelo Programa de pós-graduação em Meio Ambiente da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), cientista jurídico com foco em legislação e educação ambiental, escritor e articulador de redes socioculturais, o educador ambiental Thomas Enlazador, 35, faz um alerta para as empresas e os governos brasileiros: é preciso ter cuidado para não exercerem apenas o chamado “branqueamento ecológico”. O termo define um procedimento de marketing cujo objetivo é dar à opinião pública uma imagem ecologicamente responsável dos seus serviços ou produtos. Segundo Thomas, já existem soluções para sistemas eficientes de Gestão Ambiental e Tecnológica que aliam produtividade à sustentabilidade. Nesta entrevista, o ambientalista detalha como andam as relações entre a humanidade e a natureza e o que ainda pode ser feito.
Como as empresas brasileiras, em especial as pernambucanas, têm colaborado com o desenvolvimento sustentável nos últimos anos?
Constantemente sou consultado para indicar empresas que sirvam de modelo em Pernambuco. Fico perplexo em constatar que as ações ainda são pífias e fragmentadas. Temos empresas que reciclam resíduos de construção, que tratam dos seus afluentes, que recuperam áreas degradadas por elas mesmas, mas se é isso o que chamamos de des(envolvimento) sustentável, então temos muitas iniciativas. Como ambientalista e cientista político ambiental, não corroboro mais com esse modelo de desenvolvimento. A maior parte das ações é branqueamento ecológico (greenwashing, em inglês), que é um termo utilizado para designar um procedimento de marketing utilizado por uma organização com o objetivo de dar à opinião pública uma imagem ecologicamente responsável dos seus serviços ou produtos, ou mesmo da própria organização. Acredito na cultura da sustentabilidade, onde o custo da produção e consumo é internalizado e todo o sistema de produção é alicerçado no compromisso de cidadãos e cidadãs (que comandam empresas) com ações efetivas na melhoria da qualidade de vida individual e planetária. O horizonte é ainda utópico, mas é um caminho que deveria ser trilhado por todas as empresas.
Constantemente sou consultado para indicar empresas que sirvam de modelo em Pernambuco. Fico perplexo em constatar que as ações ainda são pífias e fragmentadas. Temos empresas que reciclam resíduos de construção, que tratam dos seus afluentes, que recuperam áreas degradadas por elas mesmas, mas se é isso o que chamamos de des(envolvimento) sustentável, então temos muitas iniciativas. Como ambientalista e cientista político ambiental, não corroboro mais com esse modelo de desenvolvimento. A maior parte das ações é branqueamento ecológico (greenwashing, em inglês), que é um termo utilizado para designar um procedimento de marketing utilizado por uma organização com o objetivo de dar à opinião pública uma imagem ecologicamente responsável dos seus serviços ou produtos, ou mesmo da própria organização. Acredito na cultura da sustentabilidade, onde o custo da produção e consumo é internalizado e todo o sistema de produção é alicerçado no compromisso de cidadãos e cidadãs (que comandam empresas) com ações efetivas na melhoria da qualidade de vida individual e planetária. O horizonte é ainda utópico, mas é um caminho que deveria ser trilhado por todas as empresas.
Faz sentido afirmar que aliar produção e sustentabilidade ambiental é tarefa cara para o setor produtivo? Por quê?
Não. Preço é diferente de valor. O sistema social de produção capitalista é por essência insustentável. É preciso mudar a forma de produção e consumo. Investir em tecnologias ambientais é uma ação concreta que rende frutos no médio prazo. O imediatismo pelo lucro vem dilapidando nosso patrimônio natural, e hoje, em pleno século XXI, já existem inúmeras soluções para sistemas eficientes de Gestão Ambiental e Tecnológica que aliam produtividade à sustentabilidade. Um setor produtivo não deveria encarar a sustentabilidade como perfumaria. Em muitos países, para uma empresa se instalar ela precisa cumprir exigências rigorosas para obter licenciamentos prévios e se adequar às normas ambientais. No Brasil, as empresas se instalam, poluem, degradam, são multadas (em alguns casos), recorrem juridicamente e protelam sua obrigação de desenvolver um sistema de produção limpo e sustentável. Empresas obsoletas (que não se adequam à legislação ambiental) deveriam ser severamente punidas, e o próprio Estado deveria fazer essa lição de casa. Isso não tem acontecido. Empresas se instalam justamente em municípios e estados que flexibilizam essas normas. É a antítese da sustentabilidade.
Não. Preço é diferente de valor. O sistema social de produção capitalista é por essência insustentável. É preciso mudar a forma de produção e consumo. Investir em tecnologias ambientais é uma ação concreta que rende frutos no médio prazo. O imediatismo pelo lucro vem dilapidando nosso patrimônio natural, e hoje, em pleno século XXI, já existem inúmeras soluções para sistemas eficientes de Gestão Ambiental e Tecnológica que aliam produtividade à sustentabilidade. Um setor produtivo não deveria encarar a sustentabilidade como perfumaria. Em muitos países, para uma empresa se instalar ela precisa cumprir exigências rigorosas para obter licenciamentos prévios e se adequar às normas ambientais. No Brasil, as empresas se instalam, poluem, degradam, são multadas (em alguns casos), recorrem juridicamente e protelam sua obrigação de desenvolver um sistema de produção limpo e sustentável. Empresas obsoletas (que não se adequam à legislação ambiental) deveriam ser severamente punidas, e o próprio Estado deveria fazer essa lição de casa. Isso não tem acontecido. Empresas se instalam justamente em municípios e estados que flexibilizam essas normas. É a antítese da sustentabilidade.
Quais as alternativas mais eficazes para se conquistar novos adeptos do setor produtivo à questão da sustentabilidade?
Que responsabilidades cabem a cada um - empresas, governo e sociedade civil - e o que ainda precisa ser feito?
Essas e outras perguntas no link abaixo:
http://diariodepernambuco.com.br/vidaurbana/nota.asp?materia=20110726200837
Fonte: Diário de Pernambuco
26/07/2011 | 20h08 | Meio Ambiente
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