Pescando luzes e olhares

A pluralidade do olhar entre a luz e a sombra. Momentos de pescar o que acontece ao redor do universo que sou eu e das partes que me envolvem. Ao mesmo tempo, pessoais e transferíveis.
Somos pescadores da vida todos os dias, com peixes de imaginação, imagens e sons que fazem a mente virar para o sol, origem das luzes e cores que pescamos com os olhos.
Entre "peixes" e "pixels" vou mostrando luzes dos cotidianos que presencio, pensamentos meus e de outras almas, notícias, denúncias e mais...
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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Produtividade e sustentabilidade devem caminhar juntos

Trecho da entrevista com Thomas Enlazador.

Mestre em Gestão e Políticas Ambientais pelo Programa de pós-graduação em Meio Ambiente da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), cientista jurídico com foco em legislação e educação ambiental, escritor e articulador de redes socioculturais, o educador ambiental Thomas Enlazador, 35, faz um alerta para as empresas e os governos brasileiros: é preciso ter cuidado para não exercerem apenas o chamado “branqueamento ecológico”. O termo define um procedimento de marketing cujo objetivo é dar à opinião pública uma imagem ecologicamente responsável dos seus serviços ou produtos. Segundo Thomas, já existem soluções para sistemas eficientes de Gestão Ambiental e Tecnológica que aliam produtividade à sustentabilidade. Nesta entrevista, o ambientalista detalha como andam as relações entre a humanidade e a natureza e o que ainda pode ser feito.

Como as empresas brasileiras, em especial as pernambucanas, têm colaborado com o desenvolvimento sustentável nos últimos anos?
Constantemente sou consultado para indicar empresas que sirvam de modelo em Pernambuco. Fico perplexo em constatar que as ações ainda são pífias e fragmentadas. Temos empresas que reciclam resíduos de construção, que tratam dos seus afluentes, que recuperam áreas degradadas por elas mesmas, mas se é isso o que chamamos de des(envolvimento) sustentável, então temos muitas iniciativas. Como ambientalista e cientista político ambiental, não corroboro mais com esse modelo de desenvolvimento. A maior parte das ações é branqueamento ecológico (greenwashing, em inglês), que é um termo utilizado para designar um procedimento de marketing utilizado por uma organização com o objetivo de dar à opinião pública uma imagem ecologicamente responsável dos seus serviços ou produtos, ou mesmo da própria organização. Acredito na cultura da sustentabilidade, onde o custo da produção e consumo é internalizado e todo o sistema de produção é alicerçado no compromisso de cidadãos e cidadãs (que comandam empresas) com ações efetivas na melhoria da qualidade de vida individual e planetária. O horizonte é ainda utópico, mas é um caminho que deveria ser trilhado por todas as empresas.

Faz sentido afirmar que aliar produção e sustentabilidade ambiental é tarefa cara para o setor produtivo? Por quê?
Não. Preço é diferente de valor. O sistema social de produção capitalista é por essência insustentável. É preciso mudar a forma de produção e consumo. Investir em tecnologias ambientais é uma ação concreta que rende frutos no médio prazo. O imediatismo pelo lucro vem dilapidando nosso patrimônio natural, e hoje, em pleno século XXI, já existem inúmeras soluções para sistemas eficientes de Gestão Ambiental e Tecnológica que aliam produtividade à sustentabilidade. Um setor produtivo não deveria encarar a sustentabilidade como perfumaria. Em muitos países, para uma empresa se instalar ela precisa cumprir exigências rigorosas para obter licenciamentos prévios e se adequar às normas ambientais. No Brasil, as empresas se instalam, poluem, degradam, são multadas (em alguns casos), recorrem juridicamente e protelam sua obrigação de desenvolver um sistema de produção limpo e sustentável. Empresas obsoletas (que não se adequam à legislação ambiental) deveriam ser severamente punidas, e o próprio Estado deveria fazer essa lição de casa. Isso não tem acontecido. Empresas se instalam justamente em municípios e estados que flexibilizam essas normas. É a antítese da sustentabilidade.

Quais as alternativas mais eficazes para se conquistar novos adeptos do setor produtivo à questão da sustentabilidade?

Que responsabilidades cabem a cada um - empresas, governo e sociedade civil - e o que ainda precisa ser feito?

Essas e outras perguntas no link abaixo:
http://diariodepernambuco.com.br/vidaurbana/nota.asp?materia=20110726200837


Fonte: Diário de Pernambuco 
26/07/2011 | 20h08 | Meio Ambiente

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